:: novembro 27, 2004 ::

O HOMEM
(Mariza Lourenço)
não havia homem que se igualasse a ele. e à sua pele. tão branca e cheia de promessas (feito lua quando nasce).
as roupas caiam-lhe impecavelmente sobre o corpo, moldando-se a ele com íntima reverência.
quem o viu não permaneceu imune à beleza de seus traços; cuidadosamente desenhados por alguma mão divina.
e quem, sublimado por tamanha beleza, haveria de encontrar qualquer resquício de humana imperfeição?
mas havia.
para além daqueles olhos emoldurados por espessas cortinas de negros cílios, havia ânsia. misturada a uma fome secular.
quem o viu, soube. e não conseguiu escapar.
e não fora essa fome, jamais teria penetrado as minhas noites.
e não fora a ânsia, jamais teria se apossado de minha alma.
tão ansiosa e faminta quanto a dele.
beijou-me.
e o gosto era de sangue.
invadiu-me.
já não era um Homem.
em proseando com Mariza
dito por li stoducto
::permalink::
|