Primeira madrugada do século – ramalham os sobreiros oblíquos à chuva que escorre nas vidraças dissolvendo a nitidez do olhar e o vale envolto em brumas e distância (foi assim também dezembro mês nocturno atravessado pelo fogo de palavras esquivas).
Estendo os pés ao calor para lembrar gestos da ternura e rostos que o tempo levou de mim. À luz que nasce amortecem os últimos ecos da festa e só o aroma do chá subindo da chávena branca incandesce os acordes desabridos do vento e da chuva.
No silêncio olheirento da madrugada abafo o lume corro as cortinas e guardo nos olhos o espólio do século que findou: poeira de noites mal dormidas e as estrelas resgatadas ao cotão da eternidade.
em passos dispersos por vezes inoportunos sempre ao viés da vida nos interstícios dos acasos perpendicular a mim por estradas ora reais ora imaginadas compulsivamente
há dias serenos dias pequenos sutis enfim... dia sim/dia não dia sem pão nem ilusão... Há dias de dores de amores dias amargos de engasgos e há gritos agitos na fala da alma uma calma que não se vê...
----------------- "A SOCIEDADE CIVIL PROTESTA CONTRA A INTENÇÃO DE AUMENTO DE 90,7% SOBRE OS SALÁRIOS DOS REPRESENTANTES DO POVO BRASILEIRO NO CONGRESSO NACIONAL".
Aos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional:
Os signatários desta Petição, integrantes da sociedade civil brasileira, vêm manifestar a Vossas Excelências protesto relacionado à proposta de aumento de 90,7% em seus próprios vencimentos.
Num país em que grande contingente da população é obrigada a viver com um salário-mínimo de R$ 350,00 (2,7% de seus salários atuais); onde aqueles que ganham acima de R$ 1.250,00 já são considerados classe média, situando-se entre os que terão sua renda taxada por imposto de 15%, onde os projetos sociais, como o Bolsa Família e o acesso universal à saúde e a educação são comprometidos pelos parcos recursos públicos , é vergonhoso, que, logo após "a festa da democracia" materializada nas eleições, os representantes do povo brasileiro ousem colocar este assunto em pauta de votação - pior é, ainda pensar, que poderá ser aprovado.
Passamos um ano inteiro vendo os projetos de lei de interesse do povo trancados na pauta de votação, pelo motivo de estar o Congresso Nacional debruçado sobre si mesmo, em apuração de denúncias internas de corrupção e falta de decoro parlamentar, logo, não podemos aceitar tal pretensão em relação aos vossos rendimentos.
Estaremos atentos e monitorando os que estiverem a favor do que consideramos um absurdo, estejam certos disso.
Deixamos registrado, através desta petição, o protesto da sociedade civil brasileira inconformada com esta manobra oportunista e repulsiva, um verdadeiro acinte à dignidade e à honradez do povo brasileiro.
E se, como desculpa para esta aprovação, vocês nos dirão que estão sendo pressionados pelo Poder Judiciário, o primeiro a reivindicar tal aumento, lhes dizemos em alto e bom som que também somos contrários.
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Certas noites eu navego vou ao léu ao encontro do céu certas noites eu me entrego
Certas noites eu naufrago bebo o breu que pinta o céu certas noites eu me afogo
Mas volto à tona, volto à flor d'água sou marinheira de mil viagens solto meu canto volto sereia deslumbro encanto fascino seduzo atraio cativo enredo engano desfaço maltrato tiro o compasso...
A noite está dentro de mim, girando no meu sangue. Sinto latejar na minha boca, as pupilas cegas da lua. Sinto as estrelas, como dedos movendo a solidão em que caminho. Logo o perfume da poesia sobe aos meus olhos trêmulos, cerrados, ouço a música das coisas que acordam sobre o corpo negro da terra e a voz do vento distante e a voz das palmeiras abertas em raios e a voz dos rios viajantes.
E a noite está dentro de mim. Como um pássaro, meu sonho ergue as asas no coração da sombra. Ouço a música das fiores que tombam, o tropel das nuvens que passam e a minha voz que se eleva como uma prece na planície solitária.
Então sinto a noite fugindo de mim, sinto a noite fugindo dos homens e o sol que avança na garupa do mar e as nuvens curvas que enchem o céu como grandes corcéis de fogo cor-de-rosa desaparecendo sugados pela treva.